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VIVER OU MORRER, EIS A QUESTÃO!

  Há não muito tempo alguém me perguntava em relação ao actual estado das coisas, «como é que que conseguimos alterar isto?». Também alguém do meu circulo familiar perante a já comum e habitual exaltação e indignação perante os constantes ataques do poder vigente à liberdade e direitos das pessoas me costuma perguntar: «Mas porque é que te estás a enervar com isso? Não vale de nada, não vais mudar nada. Não és tu que vais mudar o mundo.» Há primeira respondi muito pragmaticamente que só há duas hipóteses: por meio do voto e pela força das armas. Há segunda, costumo responder, que se ficar calado também não resolvo nada mesmo que isso ainda me seja prejudicial, e se falar, talvez alguém me ouça e me acompanhe. Pelo menos posso vir a saber que não estou sozinho e que não sou um louco esquizofrénico. Nem que não seja à falta de melhor motivo, sempre preserva a minha saúde mental. Voltando há primeira questão, o voto só pode resolver alguma coisa ou provocar uma mudança reunindo dois facto

Às voltas com Shakespeare, e uma fábula dos nossos dias

  William Shakespeare na sua obra «O mercador de Veneza» colocou-me às voltas com umas quantas ideias. Um mercador de Veneza – António – recorre a um judeu rico – Shylock – para avalizar um empréstimo de três mil ducados a emprestar a seu amigo Bassânio, a pagar dentro de três meses. Emprestar dinheiro a juros era uma actividade levada a cabo pelos judeus que era bastante condenável pela sociedade da época, a que recorriam os Judeus por se verem privados do direito à posse de terras e ao comércio. Acontece também que, aqui entre as nossas personagens, era bastante declarado o ódio dos cristãos aos judeus, pelos insultos e escarros lançados pelos cristãos aos judeus, e ao judeu Shylock em particular por, lá está, emprestar dinheiro a juros, actividade bastante condenável à época. Queixando-se disso mesmo, o nosso amigo Shylock, tentando entrar nas «boas graças» do cristão, propõe- lhe uma negocio bastante «amigável»: não lhe cobra juros, mas, em caso de António não cumprir com o pagamen

Credo de Trier

  Creio em um só Estado Senhor todo poderoso Criador do céu e da terra De todas as coisas visíveis e invisíveis Creio em um só Estado, Global Filho Unigénito do Estado nosso Pai Nascido do Pai antes dos séculos Estado do Estado , Luz da Luz Estado O Verdadeiro, de Estado O Verdadeiro Gerado, não criado, Consubstancial ao Estado Por ele todos os inimigos da igualdade e do planeta foram mortos, E por nós, Proletas, e para nossa salvação desceu dos céus E encarnou pelo espírito das supremas igualdade e ecologia No seio da virgem solidariedade E se fez Homem Também por nós, na fome e na miséria Padeceu e foi sepultado Ressuscitou à terceira década Conforme a vontade do Grande Camarada Lenine E subiu ao céu onde está sentado à esquerda do Estado De novo há-de vir em sua glória Para tornar os vivos em Mortos E o seu Reino não terá fim Creio no Comunismo Senhor que dá a morte E procede do Pai e do Filho E com o Estado e Marx É adorado e Glorificado Ele, que falou como como Grande Líder Creio

O Povo que os pariu.

  Não sendo idoso ou sequer velho, já cá ando há tempo suficiente para me lembrar de umas quantas coisas, nomeadamente relacionadas com política. Nascido uns meses antes do 25/04/1974 em território ultramarino, com toda a turbulência política que se lhe seguiu, crescido no seio de uma família de espoliados de Angola revoltados contra tudo o que o movimento progressista marxista revolucionário nos queria impor e por tudo o que nos tinham roubado e respectivas traições, numa pequena aldeia do centro de Portugal onde as autoridades da terra ainda eram a professora, o padre e o presidente da junta que tinha entretanto destronado o regedor por este não ter poder nem orçamento para distribuir prebendas em troca de favores aos amigos dos copos que chupavam nas adegas dos pobres desgraçados. Foi neste contexto altamente politizado em que a política e as politiquices ocupavam noventa por centos das conversas nos cóios tabernas e cafés – até porque o Benfica por estes anos não deixava espaço de

COMO FOI POSSIVEL? Uma fábula do nosso tempo.

  Há uns tempos, acerca da situação na Venezuela, alguém me perguntava: – “como foi possível fazerem isto a um país tão lindo onde se vivia tão bem?” Muitas vezes ouvi perguntar também retoricamente: – “como foi possível a Alemanha embarcar na aventura nazi?” Ainda não ouço perguntar agora, mas não faltará muito para que a generalidade das pessoas começar a perguntar: – “como foi possível deixar-mos a nossa civilização desmoronar-se desta forma. Como foi possível que tenhamos permitido perder a nossa liberdade para este estado de ditadura?” A história repete-se sempre, primeiro como comédia, depois como tragédia. A parte da comédia já passámos, ou estamos a passar. A tragédia não vai demorar. O argumento está escrito, o orçamento da peça está  aprovado, os encenadores contratados, os produtores tem tudo organizado, a sala está alugada e os actores já estão em cena. Os espectadores, esses também já estão na plateia, alguns no primeiro balcão e a elite, naturalmente nos camarotes VIP. To

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  É ISTO UM HOMEM? Por Primo Levi Capítulo «Aquém do bem e do mal » «É isto um Homem?», é o relato na primeira pessoa de um sobrevivente do holocausto. Primo Levi, italiano, judeu, é preso em Itália e transportado para o campo de trabalho forçado e extermínio de Auschwitz. Aí conseguiu sobreviver durante mais de ano e meio. No fim, registou para a posteridade nesta obra, o que é talvez o mais fiel, brutal, emocionante e triste relato do que era a vida antes da morte num campo de extermínio nazi. Há no entanto um capitulo nesta obra que me desperta uma especial atenção. No meio de tamanha perfídia, de tamanho caos, de tamanha miséria de tamanha dor e sofrimento, são vários os ensinamentos que podem ser retirados deste pequeno capitulo: Ensinamentos sobre a capacidade de adaptação e sobrevivência de um ser humano, das virtudes do egoísmo, e uma lição prática do que são as leis de mercado e da essência do capitalismo, e mais ainda, do porquê do comunismo ou do socialismo nunca poderem ser